29 abril 2009

Profissão, jornalismo






Jornalismo é profissão vocacional. Não importa se é noite, férias, final de semana. Não importa, também, o assunto. É lógico que todos nós nos identificamos com temas, mas quando você é jornalista, a vontade de saber, conhecer e a de testemunhar os fatos são maiores, movem você. Ser jornalista é querer estar onde a história - do bairro, da cidade ou da humanidade - estiver acontecendo. Ou seja, ser jornalista é ser repórter.

As redações, sejam as de tv, rádio, impresso, internet, assessorias de imprensa, têm basicamente a mesma estrutura. E, em qualquer uma delas, a makingoff é, pelo menos para mim, soberana. Além disso, um repórter completo pode assumir qualquer cargo, em qualquer redação, e colaborar, decididamente, para a melhor reprodução de um fato. Senão, o que é um bom produtor? Um bom editor? Um bom chefe?? Essencialmente, ele é um bom repórter.

Chegamos aqui a mais grave distorção que vejo nas redações, hoje, principalmente as redações de televisão, onde me formei. A pressão por produtividade e a necessidade de economia de recursos são, quase sempre, incompatíveis com o tempo necessário à formação de um repórter. Ele acaba sendo levado às histórias para as quais não está preparado sob o guarda-chuva de um editor ou produtor que, no caso, é o verdadeiro repórter do fato. É o apurador. E o repórter, aquele que mostra a cara no vídeo, não aprende a apurar, não desenvolve maturidade no trato com a notícia, não fica pronto para as grandes histórias. Dele só se espera que tenha boa apresentação, boa dicção e alguma disposição. E cada vez há menos grandes e boas histórias no ar. É preciso saber contá-las. E poucos sabem, hoje em dia.

Não quero parecer uma velhota ranzinza, daquelas que começam cada frase com um ?ah, no meu tempo...?. Mas honestamente, vejo cada vez menos, entre os mais jovens, a vontade de ser repórter. E aí chegamos à outra ponta dessa escola deformada. Aquela que enche as faculdades de comunicação de pessoas que não querem ser jornalistas ? querem, isso sim, ser famosos! A cultura das celebridades chegou, infelizmente, ao universo dos profissionais que fazem jornalismo para a televisão. E distorceu sua missão. Para muitos meninos e meninas que tenho visto cursando a faculdade de comunicação, pouco importa se o emprego futuro será como repórter ou como ?moça do tempo?. Importa aparecer na tv. E ser reconhecido nas ruas.

Essa tragédia global da celebridade instantânea começa a corroer a noção daquilo que leva, ou deveria levar, qualquer um à fama: aquilo que se produz. Já não é preciso dedicar-se a uma tarefa, ser bom naquilo que se faz, destacar-se dos demais pela qualidade do seu trabalho. Para ficar famoso, hoje, basta aparecer. Basta expor sua intimidade num reality show durante algumas semanas, e surfar na onda da badalação imediata. Pobres moços, como diria o poeta.

Tenho tentado, nos últimos anos, preservar o máximo daquilo que considero importante. E viver de acordo com o que considero essencial. Minha escolha pelo jornalismo foi movida pelo romântico desejo de presenciar a história, e registrá-la. Tenho orgulho do que acumulei em produção nesse caminho. Se fui colhida pelo culto aos que aparecem na tv em minha trajetória profissional e virei, eu também, celebridade, esta não foi uma escolha.

Se você quer ser jornalista, faça suas escolhas. E preserve o que de mais nobre há na profissão. Seja um curioso. Informe-se sobre os fatos. Conquiste suas fontes de informação. Certifique-se de que são confiáveis (fontes serão, em sua carreira, quase tão importantes quanto o próprio fato!). Não reproduza o boato. Não faça prosperar o preconceito. Não cultive a preguiça. Nunca se afaste da verdade. Seja um crédulo. Seja um repórter.


Ana Paula Padrão







É revigorante depois de tanto tempo, ler algo dela e me sentir a mesma menina de 10 anos querendo ser jornalista. Ela é o primeiro motivo de eu está onde estou. E ela continua motivando eu querer ser quem quero. Meu primeiro código de ética dos jornalistas.

Aii.. nem sei o que dizer, sinto-me perdida nesses olhos de jaboticaba.


"...She
May be the face
I can't forget.
A trace of pleasure or regret
...
She may be the love that cannot hope to last
May come to me from shadows of the past.
That I'll remember till the day I die..."

3 comentários:

X disse...

Que legal Érica vê vc
se sentindo cada vez mais certa
da sua escolha!!!
Em cada profissão, temos q nos espelhar em pessoas
como ela msm!!
Padrão é Padrão!!!
bjus

Érica de Paula disse...

Simmmmm!!!!!! =D

Érica de Paula disse...

Õ.õ

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