10 dezembro 2011

Ela está solta.



Enfim, cheguei. A noite se arrastou e nem percebi. O céu azul claro – por causa da lua – não me deixou perceber os raios de sol que chegaram tímidos.

A cidade está cheia de luzes piscando, é natal. Dentro de mim não tem muitas luzes. “Alguém” me disse há alguns dias: “A bruxa está solta”, e ela está. Mas, não é natal? Não é aquele período do ano onde as coisas se encaixam, os caminhos se acham e o final é... feliz? Uma voz no ouvido responde:

- Não. Isso não é novela global.

Afetos que não correspondem aos fatos. Fevereiros que talvez nunca cheguem. Amores que se desfazem com o vento. Esperanças que viram pó.

A cada momento só, a cada segundo que a mente consegue escapar, é mais um cigarro aceso, uma Coca-Cola tomada, uma cerveja, um whisky, uma música, uma vontade de... nem ser.

E nesta semana “bruxesca”, nesse fim de ano sem final feliz, só tenho três desejos:

que o ano acabe,

que o tempo passe,

e que as coisas mudem.

25 outubro 2011

Sinais vitais



Ainda é tão confuso pra mim a capacidade que tenho de sentir as coisas. Muitas vezes parece exagero, drama, teatro, pensem o que quiser, mas, aqui dentro é tudo tão verdadeiro, tudo tão forte. Ouvi hoje uma amiga dizendo que eu deveria escrever romances. Será!? Será que alguém leria essas tolices 'sentimentalescas' que eu escrevo? Vamos ver uma:

Passei o dia inteiro esperando, desde ontem que eu espero. Na verdade, há mais de uma semana eu espero o dia que eu não sabia que seria hoje. Sabia da possibilidade mas, não tinha certeza. Até que o sol começou a se recolher e as borboletas que ainda moram dentro do meu estômago me fizeram saber que ela havia voltado. Só as borboletas sabiam, eu não tinha certeza. E se fosse alarme falso? E se apenas o meu querer fazia minhas borboletas se sentirem assim? Bom, só descobri quando tudo terminou e eu fui. 

Andei em passo largos, olhos vagando os corredores, borboletas desesperadas, e o coração dando ligeiros sinais vitais. Olhei pela janela e lá estava. - Janela, acabo de perceber que janelas sempre me mostram mais coisas do que os outros veem. E meu papo de janela não tem nada a ver com futuro, as janelas são o que me separam do que mais quero. - Não tinha mais ninguém, só eu e ela. Saí da janela, respirei fundo pra tentar manter  um pouco de compostura e abri a porta. 

Noooossa como senti falta daquele olhar despretensioso, aquele jeito de não me dar atenção no primeiro "Eeei.." que me matou tantas vezes mas, hoje não. Perguntou despretensiosamente "Tudo bem?" e eu não consegui disfarçar a alegria, o prazer, o viver que estava sendo vê-la de novo: "Agora está. Agora está tudo bem...". Ela sorriu daquele jeito, aquele jeito que eu sei que ela sabe, aquele jeito meio com pena, mas, com carinho. Carinho que a gente tem por alguém que gosta da gente, mesmo que a gente não possa retribuir do jeito que a pessoa gostaria. E foi assim, conversamos por alguns minutos e nos prometemos que conversaríamos melhor em uma hora mais propícia. 

Quando saí daquela sala foi como se o mundo tivesse voltado a fazer sentido. O coração que estava em pedaços e batendo fraco havia se curado. O bibipe da máquina era o indício que meu músculo involuntário burro e rebelde, que sumiu desde daquele último abraço, tinha voltado pra casa.

Alguém aí leria meus romances?

15 outubro 2011

... o que mais pode ser?





E lá estavam tantos rostos felizes e minha cabeça não tinha outro pensamento - continua sem ter -, meu corpo nem parecia presente. Palavras, barulho, música alta, cervejas e cigarros, mas tudo que havia em mim ficara contigo naquele abraço. Mentira, não ficou tudo. Ainda sobrou o necessário para me manter de pé, fingindo que eu não soube nada, e que o "nada" que eu não soube não interferiu sobre mim. Continuei o dia fingindo que estava tudo bem. Mas, não está.

24 março 2011

...Envelheço na cidade.


E pela primeira vez, tudo aconteceu do jeito que planejei. Eu pude, enfim, dar parabéns, abraçar, dar presente tudo nos conformes e com direito a sorriso de agradecimento. Claro que descrevi os vinte minutos, onde tudo aconteceu, de maneira bastante resumida; porém, não irei contar como tudo aconteceu, nem vou explicar o motivo do diagramador do jornal, que me conhece há dois dias ter me perguntado: "Tá feliz hoje, né?".

Sem mais delongas...

Fim do dia...


...Amém.

21 março 2011

E nos corações saudades e cinzas foi o que restou


Já se passaram duas semanas e eu ainda consigo escutar os risos, ouço as canções, enxergo as luzes e cores do carnaval. Olho em minhas mãos e a marca da queimadura do cigarro é a prova de que tudo aconteceu. Mesmo o tudo, na verdade, sendo nada. Fico querendo arrancar a pele da bolha, mas ela está ali do mesmo jeito que os dois últimos dias do carnaval ainda estão em mim.

Acredite, eu sei que não foi nada. Eu sei que no último dia eu estava com álcool demais nas veias, porém consigo lembrar tudo que fiz, e sei que, desta vez, eu não estraguei nada. Enquanto as pessoas moldam os sentimentos e as coisas que sentem, eu só consigo sentir. E não tenho vergonha do que sinto; apenas tenho medo de perder o que consegui com tanto custo.

No dia anterior, embaixo da chuva fui segurada em um abraço que poderia ter sido infinito. Nossas mãos enlaçadas por alguns minutos devido ao tráfego exagerado de pessoas, bastante comum no carnaval, a segurança no aperto das mãos, a tristeza da linha de chegada.

Os outros três dias poderiam ter sido assim, eu estaria com mais cenas, cores e músicas impregnadas na alma, mas não fazia mal, valeria tudo a pena. Como disse recentemente a um amigo, a diferença do sentido dos sentimentos à medida que a idade vai passando não é a ausência dos fantasmas, por que eles saem das tortuosas sombras, de forma diferente, e voltam sempre; mas, com os dias a mais os fantasmas não fazem mais medo, eles te fazem companhia. E o fantasma desse carnaval vai me acompanhar pra sempre. Ainda bem. E assim espero.


"Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz."


10 março 2011

Tudo sobre você.

Eu pretendia escrever algumas baboseiras entaladas no meu peito, e na minha garganta. Algumas coisas que eu gostaria de gritar para o mundo, mas não posso. Porém, não é mais carnaval e amanhã trabalho muito cedo. Contudo, encontrei uma música que fala muitas coisas por mim.



"Queria descobrir 
Em 24hs tudo que você adora
Tudo que te faz sorrir
E num fim de semana
Tudo que você mais ama
E no prazo de um mês
Tudo que você já fez
É tanta coisa que eu não sei
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

E até saber de cor
No fim desse semestre
O que mais te apetece
O que te cai melhor
Enfim eu saberia
365 noites bastariam
Pra me explicar por que
Como isso foi acontecer
Não sei se eu saberia
Chegar até o final do dia sem você

Por que em tão pouco tempo
Faz tanto tempo que eu te queria"








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