26 fevereiro 2012

Divã pós carnaval



Não sei porque demorei tanto para escrever, mas, agora, com o coração exposto, doendo e batendo descompassado, talvez, fique mais fácil. É contraditório dizer essas coisas já que o carnaval, mais uma vez, foi bonito, como há um ano atrás. Um pouco de uma felicidade disfarçada, é verdade. Pois, a felicidade que sinto se fortalece com situações reais, que acabam se misturando na minha fantasia., e eu, como uma mera mortal acabo me perdendo entre a fantasia e a realidade.

Há algumas horas refiz alguns passos dos últimos dias suntuosos. Tudo agora não passa de lembrança, não existe mais as cores, nem a música, nem a alegria, muito menos as pessoas. Ah, que falta me faz as pessoas. Repeti durante todo o carnaval, e repeti hoje, de uma maneira tola da cabeça mentir: cada cigarro fumado é pela falta que você me faz. Será que um dia cumprirei minha promessa? Temo, cada vez mais, ter que prometer outra coisa.

Desse carnaval não me restaram marcas explícitas, nem doloridas. Na verdade, um pouco dolorida, mas nem tão marcante. Um pé quase torcido, nada demais. Os dias aumentaram. Hoje, tenho mais uma dia para lembrar. Queria que tivesse sido os cinco dias, estaria morrendo mais, mas, estaria mais completa. São Pedro não quis, e se assim o fez, algum motivo teve. Quem sou eu para discutir com santo?

Assim como no ano passado continuei com as tentativas de evitar certa aproximação, certo contato, certa intimidade. Não consegui.  E não pense que eu não obtive êxito devido ao meu impulso, ou a minha mania constante de intensidade. Não. Não foi isso. Ela, simplesmente, não deixou. Ela me quis perto. Não me deixava distante, ou talvez, me poupasse das fotos, ou dos amigos que eu não conhecia, da preocupação. Não entendo como ela consegue ser assim. Não reclamo de nada dito em cima, mas, depois de tudo que eu disse? Ela não me acha doida? Por que ela não me evita? Digo essas coisas e ao mesmo tempo morro imaginando se ela realmente fizesse. Mas, ela podia ter dito logo um NÃO, de maneira mais taxativa. Acho que não. Eu, pelo menos, nunca vou ter coragem de encostá-la na parede para dizer algumas verdades.

O ano, enfim começa e mais uma vez preciso da reabilitação pós carnaval. Começo a fazer diálogos invisíveis, imaginando situações improváveis. Basta fechar os olhos que consigo ouvir sua voz, vejo seu vestido a rodar, me flagro parada, completamente hipnotizada pelo seu sorriso. Mas, um dia alguém vai aparecer e fará com que eu perca o foco. Nesse dia, os carnavais passarão a ser apenas felizes e doces carnavais. Já o amor que eu sinto por você, ah, esse nunca vai passar.

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