13 março 2012

A última que morre.



Nos momentos difíceis é quando buscamos respostas no desconhecido e assim, de uma maneira ou de outra se faz a religião. Eu que sempre fui muito descrente de tudo, em uma dia como esse descobri a minha. Aquela que não peço que ninguém acredite, nem siga, mas, é aquela me completa.

Agora, da última vez que fui, saí com aquela sensação, aquela que é a última a morrer. Pois é, a tal da esperança. Ô bichinho danado. Tenho duas semanas, para talvez resolver tudo. Isso, claro, acarreta em muitos outros problemas, que em geral não são problemas. São soluções. Daí o meu eterno medo da solução de um problema. Porque como tudo na vida tem dois lados, dois sentidos, duas respostas... Posso, enfim, ter a resposta que tanto desejo, tanto almejo, e que me faria tão feliz, ou, posso ter a outra, a outra que tenho medo de escrever, pronunciar, pensar. Essa que talvez seja a solução mais correta a se tomar.

Nós, pobres mortais, que não conseguimos acompanhar o tempo, nem o espaço, muito menos ver/entender além dele.  Morremos hoje por uma esperança pequena, que amanhã, vemos, que realmente não era a solução certa. Estou contando os dias para descobrir e me libertar. Liberdade essa que talvez chegue doce como seu sorriso, doce com um poema feito em seu nome, como vento solar, ou estrelas do mar. No entanto, o outro lado da moeda pode fazer com que a liberdade nos afaste, liberte meu coração, mas ele sangre até encontrar alguém que o reabilite.

Morro de medo da segunda opção. Desespero só de pensar na possibilidade de não ser mais assim como é, ser menos, sei lá.. medo de não ser, sabe? Mas não é. Nunca foi. E talvez, nunca será. Acredito que o próximo post será definitivo. Será um ponto nesse conto, onde canto e conto sozinha todos os passos, todos os sonhos, todos os atos.

Mas, tenho fé, tenho amor e tenho esperança, que sempre é a última que morre.

26 fevereiro 2012

Divã pós carnaval



Não sei porque demorei tanto para escrever, mas, agora, com o coração exposto, doendo e batendo descompassado, talvez, fique mais fácil. É contraditório dizer essas coisas já que o carnaval, mais uma vez, foi bonito, como há um ano atrás. Um pouco de uma felicidade disfarçada, é verdade. Pois, a felicidade que sinto se fortalece com situações reais, que acabam se misturando na minha fantasia., e eu, como uma mera mortal acabo me perdendo entre a fantasia e a realidade.

Há algumas horas refiz alguns passos dos últimos dias suntuosos. Tudo agora não passa de lembrança, não existe mais as cores, nem a música, nem a alegria, muito menos as pessoas. Ah, que falta me faz as pessoas. Repeti durante todo o carnaval, e repeti hoje, de uma maneira tola da cabeça mentir: cada cigarro fumado é pela falta que você me faz. Será que um dia cumprirei minha promessa? Temo, cada vez mais, ter que prometer outra coisa.

Desse carnaval não me restaram marcas explícitas, nem doloridas. Na verdade, um pouco dolorida, mas nem tão marcante. Um pé quase torcido, nada demais. Os dias aumentaram. Hoje, tenho mais uma dia para lembrar. Queria que tivesse sido os cinco dias, estaria morrendo mais, mas, estaria mais completa. São Pedro não quis, e se assim o fez, algum motivo teve. Quem sou eu para discutir com santo?

Assim como no ano passado continuei com as tentativas de evitar certa aproximação, certo contato, certa intimidade. Não consegui.  E não pense que eu não obtive êxito devido ao meu impulso, ou a minha mania constante de intensidade. Não. Não foi isso. Ela, simplesmente, não deixou. Ela me quis perto. Não me deixava distante, ou talvez, me poupasse das fotos, ou dos amigos que eu não conhecia, da preocupação. Não entendo como ela consegue ser assim. Não reclamo de nada dito em cima, mas, depois de tudo que eu disse? Ela não me acha doida? Por que ela não me evita? Digo essas coisas e ao mesmo tempo morro imaginando se ela realmente fizesse. Mas, ela podia ter dito logo um NÃO, de maneira mais taxativa. Acho que não. Eu, pelo menos, nunca vou ter coragem de encostá-la na parede para dizer algumas verdades.

O ano, enfim começa e mais uma vez preciso da reabilitação pós carnaval. Começo a fazer diálogos invisíveis, imaginando situações improváveis. Basta fechar os olhos que consigo ouvir sua voz, vejo seu vestido a rodar, me flagro parada, completamente hipnotizada pelo seu sorriso. Mas, um dia alguém vai aparecer e fará com que eu perca o foco. Nesse dia, os carnavais passarão a ser apenas felizes e doces carnavais. Já o amor que eu sinto por você, ah, esse nunca vai passar.

23 janeiro 2012

Coleções



E finalmente vou conseguir escrever, antes que eu esqueça. Na verdade, esquecer só quando ficar muito velha e não lembrar muito bem que eu sou. Mas corro um risco eminente de esquecer, talvez alguns detalhes, que como uma boa virginiana, para mim, fazem a diferença.

Dezembro se arrastou como eu supunha . Os afetos não compartilhados só me assombravam e os acontecimentos seguintes não foram dos melhores, para nenhum de nós. A minha confissão tinha clima de final de história, por mais que eu tivesse suplicado pelo contrário. Eu só quis colocar um ponto. Ponto final, ponto e vírgula, ou de exclamação.  Ainda acho que fiquei com um ponto de interrogação, mas, isso não se discute mais.

As horas foram passando e os dias se arrastando, tanto pra mim, quanto pra ela. Os motivos foram estupidamente diferentes, mas o caso é que o ano parecia não terminar. Foi ficando cada vez mais distante o último "alô", o último abraço. A última vez que a tinha visto, nem lembrava mais. Só lembrava da nossa última conversa.

Pouco a pouco a ferida aberta foi secando. Descobri através de uma tia muito sábia que essa ferida nunca irá se cicatrizar. O tempo vai passar, a cidade e as pessoas irão mudar, mas sempre alguém vai me lembrar. Conviver com essa  dor estava se tornando mais fácil, até que meu telefone tocou. E dessa vez eu atendi e era o meu... que não estava zangada comigo. E sabe o que mais? Não aconteceu nada. Aconteceu? Nada que pudesse jogar fora o que conseguimos construir. E juro que não falo de amor. Falo de amizade, carinho, respeito e a confiança que ela me tem. Por que no momento em que foi cogitado sair com outras pessoas, foi o meu telefone que tocou.  Não tocou para um encontro as escuras, quem me dera. Tocou porque ela sabia que eu poderia fazer isso por ela. Porque ela confia em mim. E jamais deixarei que isso se perca.

Foi uma noite feliz. Não importa se a tenho como quero. Não importa a classificação, pois, nada substitui o prazer e a alegria de tê-la por perto. E doeu, depois de tanto tempo vê-la partir. Doeu mais ainda aquele abraça debaixo da chuva. O coração voltou há quase um ano atrás, naquele abraço debaixo de chuva que eu jamais esquecerei. Basta fechar os olhos e me transporto para aquele carnaval.

O domingo foi difícil. A ferida está toda aberta. Horas de tortura pra não usar as tecnologias modernas. Passei o dia querendo mais. Mais sorrisos, mais conversas despretensiosas, mais  todo aquele ar que gira ao redor. Porém, consegui me controlar. Porque, como concordamos: outros dias alegres virão. E com eles virão mais alguns instantes bonitos para minha coleção de momentos felizes que ficam gravados do lado esquerdo do peito, onde tenta bater um coração.

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