Passei o dia inteiro esperando, desde ontem que eu espero. Na verdade, há mais de uma semana eu espero o dia que eu não sabia que seria hoje. Sabia da possibilidade mas, não tinha certeza. Até que o sol começou a se recolher e as borboletas que ainda moram dentro do meu estômago me fizeram saber que ela havia voltado. Só as borboletas sabiam, eu não tinha certeza. E se fosse alarme falso? E se apenas o meu querer fazia minhas borboletas se sentirem assim? Bom, só descobri quando tudo terminou e eu fui.
Andei em passo largos, olhos vagando os corredores, borboletas desesperadas, e o coração dando ligeiros sinais vitais. Olhei pela janela e lá estava. - Janela, acabo de perceber que janelas sempre me mostram mais coisas do que os outros veem. E meu papo de janela não tem nada a ver com futuro, as janelas são o que me separam do que mais quero. - Não tinha mais ninguém, só eu e ela. Saí da janela, respirei fundo pra tentar manter um pouco de compostura e abri a porta.
Noooossa como senti falta daquele olhar despretensioso, aquele jeito de não me dar atenção no primeiro "Eeei.." que me matou tantas vezes mas, hoje não. Perguntou despretensiosamente "Tudo bem?" e eu não consegui disfarçar a alegria, o prazer, o viver que estava sendo vê-la de novo: "Agora está. Agora está tudo bem...". Ela sorriu daquele jeito, aquele jeito que eu sei que ela sabe, aquele jeito meio com pena, mas, com carinho. Carinho que a gente tem por alguém que gosta da gente, mesmo que a gente não possa retribuir do jeito que a pessoa gostaria. E foi assim, conversamos por alguns minutos e nos prometemos que conversaríamos melhor em uma hora mais propícia.
Quando saí daquela sala foi como se o mundo tivesse voltado a fazer sentido. O coração que estava em pedaços e batendo fraco havia se curado. O bibipe da máquina era o indício que meu músculo involuntário burro e rebelde, que sumiu desde daquele último abraço, tinha voltado pra casa.
Alguém aí leria meus romances?