04 setembro 2009

Informação.


Dor, frio, tremor, congestão no estômago, tudo passou no mesmo momento em que ele se colocou a cinco metros de mim e disse: "Uia quem tá aqui..".

Pessoas se aproximaram, e ele não se mexeu, colocou todas as coisas na mesa onde eu não estava, e ficou conversando com as tais pessoas. Disse que já voltava, mas resolveu que era melhor colocar suas coisas em minha mesa, e foi.

Voltei a olhar pro papel que estava tentando ler, e lembrei que depois do "Uia" ele disse que estava muito gripado e cansado. O pouco juízo que me resta começou a interpretar a frase. Não tinha mais medo, nem frio, nem tremor, não tinha sobrado nada, do nada.

Voltou um pouco tempo depois, ou talvez, nem tenha passado tanto tempo assim. Parou do meu lado, mas não sentou, não me olhou nos olhos, apenas ficou falando comigo como acho que nunca fez. Pra falar a verdade não lembro muito do que ele falou, eu respondi pouco, balancei mais a cabeça e sorri quando achei que devia, do que propriamente ter dito alguma coisa. O pouco juizo que me sobrou continuava a interpretar o que estava acontecendo, ou apenas estava liberando a informação pra única parte do meu corpo que não queria obter essa "informação".

O amigo chegou, e eles começaram a falar sobre uma coisa que algum imbercíl queria que eles fizessem em um dia que não tinha como ser feito. E eu lá, sentada, olhando os dois conversarem, sabendo o que iria acontecer assim que a conversa terminasse, eu só queria saber como ele iria fazer. Quando a conversa chegou ao fim, ele perguntou ao amigo se ele ia pro lado de lá, o sujeito consentiu, e ele disse: "Ah, então eu vou seguindo teu carro.." Assim ele o fez, de maneira simples.

Se estava calada antes, permaneci, de maneira fria, ou talvez desolada, ou desiludida, ou informada. Uma notícia pode matar uma pessoa.

Repetiu que estava muito cansado, que provavelmente ficaria com febre, disse também que iria direto pro berço. Eu sorri, e o mandei tomar remédio.

Então veio, me deu um beijo no rosto, ao qual eu não ia retribuir, mas sua face encostou na minha e eu o beijei também. Um beijo morto de dor, com o sabor salgado de lágrima.

Se afastou, voltou, e fez um ar de "Eureca!".


"Já sei! Ligo pra você amanhã. De que horas eu ligo?"


Não acreditei no que ouvia, me perguntei se seria uma piada, ou se ele era louco, ou se ele assim como eu, não gosta de perder ninguém.


"Hã, liga no fim da tarde."

"Ótimo, fica melhor pra mim. Eu ligo depois que eu voltar de lá, vou ver os filhotes."


Primeiro pensei, porque essa mania de achar que eu sei da sua vida. Se ele me contasse eu saberia. Depois pensei, "são machos", como podem ter filhotes? E mais uma vez o pouco do juízo pensou, e eu não consegui não falar, nem muito menos retirar a intenção nas palavras.


"Pera, pera, lá onde? Que filhotes?"

"Queen teve dois filhotes!"


Primeiro fiquei feliz pela Queen, e depois amargurada por ter descoberto onde era o "lá". Como se eu pudesse acreditar que seria um sacrifíco ir "lá", porque essa foi a cara dele.

Espero que ele não ligue, vai ser mais fácil pra mim.

E se ligar, queria ter forças de não atender.

2 comentários:

Gabriela Alcântara disse...

"E bati, e bati outra vez, e tornei a bater, e continuei batendo sem me importar que as pessoas na rua parassem para olhar, eu quis chamá-lo, mas tinha esquecido seu nome, se é que alguma vez o soube, se é que ele o teve um dia, talvez eu tivesse febre, tudo ficara muito confuso, idéias misturadas, tremores, água de chuva e lama e conhaque no meu corpo sujo gasto exausto batendo feito louco naquela porta que não abria, era tudo um engano, eu continuava batendo e continuava chovendo sem parar, mas eu não ia mais indo por dentro da chuva, pelo meio da cidade, eu só estava parado naquela porta fazia muito tempo, depois do ponto, tão escuro agora que eu não conseguiria nunca mais encontrar o caminho de volta, nem tentar outra coisa, outra ação, outro gesto além de continuar batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo batendo nesta porta que não abre nunca."

lpzinho disse...

Consegui!!

Vc realmente é uma menina preciosa!! Quanta intensidade no sentir a vida e no contar como a observa... como se encaixa nela!
Vc é dona de uma essência linda demais!!!^^ Adoro mesmo!
Beeeijoooo menina!

Pages